O Nosso Dachau neste período contemporâneo

O Nosso Dachau neste período contemporâneo

O nosso mundo passa por um momento sombrio por conta do Coronavirus; em meio a esta situação que ataca silenciosamente e tira tantas vidas, a população mundial foi convocada a ficar em casa. Hashtags, em diversas línguas, se espalharam pelas redes sociais, pedindo a todos que fiquem em casa. “#quedateencasa”, “#stayhome” e “#ficaemcasa” tornaram-se parte da vida de todos. Trocar uma vida ativa por uma vida de reclusão instantânea deixa qualquer pessoa em estado de nervos sem equilíbrio. Os pais que não estão habituados há estar tanto tempo com os filhos, a vontade de sair para encontrar amigos ou mesmo para a prática de exercícios são impossibilitadas e geram stress e depressão no indivíduo.

O exemplo de um pai

A arte já nos mostrou algumas formas de driblar os momentos de reclusão. Um exemplo clássico é o filme “A vida é bela”. Mostra um pai que faz com que o filho viva, como se fosse uma brincadeira, a prisão em um campo de concentração. Este tema é conhecido por muitos, no Movimento de Schoenstatt.

Padre Kentenich foi para o Campo de Concentração de Dachau levado como prisioneiro político, por se expressar contra o Nacional-Socialismo Nazista, Pe. Kentenich viveu no Campo de Concentração de 13/03/1942 à 06/04/1945 quando, ao final da guerra, foi libertado e, em 20/05/1945, retornou ao Santuário Original.

Mesmo assim, nosso Pai e Fundador foi confiante na Mãe de Deus. Entre os pavilhões do campo de Concentração, além da selvageria e violência nazista, permeava entre eles muitas epidemias, sendo a tifo a mais grave. Ou seja, se o prisioneiro não morresse entre pneumonia ou tifo, morria pelas munições dos soldados alemães. Mas, a fé na Divina Providência elevou a espiritualidade e a fé de nosso Pai e Fundador a qual reconhecemos, também nesses atos, sua santidade e a firmeza de sua pedagogia.

A autora Maria Augusta Barbosa, em seu livro “Pe. José Kentenich – Pai E Educador Carismático” apresenta alguns relatos de pessoas que conviveram com no campo de concentração e que transcrevemos aqui:

“O padre Kentenich passou pelo campo como um rei sem coroa, livre de algemas! (…). No meio dessa torrente volumosa há um rochedo, as águas não o podem atingir: seu cume fica obscurecido pelas nuvens. Mesmo com o sol ardente, ele vê o brilho das estrelas, e nas trevas da noite, ainda sente dos ardores do sol. Seus pensamentos fundem-se com os planos da Sabedoria Eterna; seus olhos se abrem unicamente para os corações. Seu coração, porém, há tempo, deixou a terra: tornou-se inteiramente amor para aqueles que a ele se confiam” (p.142).

“Eu me recordo do Padre Kentenich com silenciosa alegria e gratidão perene. Ele suportou de modo exemplar as múltiplas aflições do Campo de Concentração. Foi um exemplo luminoso para cada um de nós. Já no primeiro encontro que tive com ele em 1943, pude constatar muito feliz: O Padre Kentenich permaneceu a personalidade vigorosa e lúcida que sempre foi. Não puderam tirar-lhe nada de sua plenitude interna de valores. E, por sua vez, ele também não abandonou nada” (p.142).

Observando essas palavras e outras mais, nesta biografia, nota-se que o Pai e Fundador não permitiu que todo o inferno de Dachau tomasse conta do seu coração. Mesmo presenciando e vivendo tantas atrocidades, que ocorriam no Campo de Concentração, Pe. Kentenich manteve-se forte e firme como um farol a beira-mar. As ondas da maldade colidiam fortemente contra o seu costado, mas ele tinha forças para manter a luz do farol acesa, vigente e viva para todos os que a ele procuravam.

E como o Pai e Fundador conseguiu passar por tudo isso? A resposta para esta a pergunta é: Em seu coração não tinha lugar para o mal, pois ele tinha selado sua Aliança de Amor com Maria; trocou seu coração com o coração Dela. As suas bases estavam edificadas nas mãos da Mãe de Deus, pois ele se tornou um instrumento apto nas mãos da Mãe, deixando-se abandonar e ser conduzido pela Mãe Três Vezes Admirável. Sabia que ele estava em Sua presença maternal. Ele tinha plena certeza que um servo de Maria jamais perecerá. E a confiança filial na divina providência era a luz que ele irradiava e atraia tantos corações a si, os quais ele, copiosamente, encaminhava ao coração da Mãe de Deus.

Por Fernando Castilho Valderrama

Liga de Famílias de Schoenstatt – Araraquara-SP

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