Música: No Tranquilo Ritmo de Deus

Música: No Tranquilo Ritmo de Deus

Qual é a música da minha vida?  Que mundo trago em mim?

Desde a concepção estamos cercados por um ambiente musical, seja pelos sons exteriores ou pela vida que se inicia com o pulsar do coração.

Quem não se lembra de músicas que marcaram sua infância, adolescência ou juventude? Geralmente quando recordamos determinada música, esta nos remete a acontecimentos que faziam parte daquele momento. É impressionante como simples melodias podem despertar nossas emoções, trazer um sorriso para o rosto e nos fazer esquecer por alguns momentos os desafios e as preocupações do dia a dia.

A música pode também ajudar no tratamento de doenças, basta pensarmos nos inúmeros benefícios que a Musicoterapia nos tem apresentado.

Nos últimos anos, alguns estudos têm provado como a música pode ajudar a reavivar a memória de idosos com Alzheimer ou outros tipos de demências. O documentário Alive Inside (Vivo por dentro), produzido nos Estados Unidos, mostra diversas experiências positivas neste sentido.  Ao ouvirem suas canções favoritas, parece que os idosos recebem uma nova luz e suas mentes ficam mais ativas conseguindo responder melhor a perguntas e estímulos e recordar a sua própria história. Renomados especialistas nesta área dão sua contribuição com depoimentos impressionantes. O documentário quer mostrar, acima de tudo, a forte conexão entre música e alma, a cura que consegue chegar onde medicamentos normais não conseguem ter efeito.

Daí a importância de selecionar aquilo que eu escuto. Que mundo está contido nas músicas que eu escuto? O que eu quero trazer dentro de mim?

Schoenstatt, meu mundo! Meu mundo deve se tornar Schoenstatt!

Nosso fundador Pe. José Kentenich diz que a música é um meio para que o homem possa penetrar no tranquilo ritmo de Deus. Ele mesmo conta de suas experiências quando esteve na prisão em Coblença, por causa do Nazismo que despontava na Alemanha. Durante as quatro semana que esteve preso no bunker (lugar muito pequeno, escuro e sem ventilação) cantou os cantos de Schoenstatt e lamentou quando não conseguia lembrar todas as estrofes. Seu canto ecoava na prisão e servia de consolo também para outros prisioneiros.

Que mundo trago em mim?

Após ser libertado do campo de concentração, iniciou suas viagens para os países aonde enviara as jovens Irmãs, nos anos de 1933 e 1935. Ao chegar ao Brasil, narram as crônicas, após cumprimentar as Irmãs, se dirigiu à Capela e ali cantou com muito entusiasmo o Hino da Minha terra, cuja letra se encontra no livro de orações Rumo ao céu, escrita em meios aos horrores do Campo de Concentração. Essa música exprime o mundo que o Pe. Kentenich trazia em seu coração:

“Conhece a terra tão rica e pura, reflexo da eterna beleza…”

O mundo de Schoenstatt deve impregnar o nosso ser.

Para encerrar, um testemunho de Irmã Maria Vera (Irmã de Maria de Schoenstatt), presa pelo regime comunista na antiga Tchecoslováquia:

“Minha cela tinha o tamanho de três vezes quatro passos. Durante meio ano tivemos interrogatórios. Eu não tinha nenhuma ocupação. Que fazer? Eu não podia continuamente meditar, não tinha nada para ler, não devia trabalhar. Assim eu cantei muito, muito. Ir. Marie e Ir. M. Jana fizeram o mesmo. Nosso canto ressoou das celas, foi algo maravilhoso. Compreendi que força e poder tem os nossos cantos.

Lembro-me ainda, de uma vez que faltou energia elétrica na prisão. A polícia juntou todas para que ninguém pudesse fugir. Nós, pobres mulheres, como poderíamos ter fugido? Havia muros altos em torno da prisão, com fios elétricos etc. Portanto, tudo estava escuro. Fomos então tocadas para dentro de um barracão. Era um barracão para presos políticos. A escuridão perdurou muito tempo. De repente veio-nos a ideia: vamos cantar. E isso nós três o fizemos corajosamente. Nossos cantos ressoaram pela escuridão. Por exemplo, o canto: “Ó Virgem protetora – no qual se repete sempre de novo “não havemos de perecer! ”. Cantamos muitos cantos nesta escuridão. Isto foi maravilhoso. Olhando pelas janelas vimos as torres de vigia, de lá observavam com grandes refletores cuidando que ninguém fugisse. E nós cantamos! Esses cantos naquela noite prepararam a consagração de 70 mulheres da prisão. Este foi o começo do nosso trabalho para Schoenstatt no campo. Tal força tinham esses cantos.

Lembro-me como uma senhora, uma senhora boa, cujo esposo há pouco fora executado como criminoso político. Ela veio a mim nesta escuridão e perguntou: “Que cantos são estes? Que mundo eles contêm? Isso vocês precisam me explicar. ”

Então… podemos nos perguntar agora: qual é a minha música? Que música poderá me ajudar em momentos de crise em minha vida?

Por: Ir. M. Sandra Regina Netto, Promotora Vocacional – Atibaia, Regional Sudeste

Fonte: https://www.jufem.com.br/musica-no-tranquilo-ritmo-de-deus/

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