Eis-me aqui Senhor!

Eis-me aqui Senhor!

“Adsum! cuida que todos os que me deste amem Jesus e aprendam a viver e a morrer por ele.”
(Pe. José Kentenich, 5.1.1942)

Celebramos neste dia seis de agosto com toda Igreja, a Solenidade da Transfiguração do Senhor. A transfiguração é uma meta para aquele que escuta Jesus e aceita seu convite de subir o monte, junto do Mestre fazer a experiencia “aqui é bom estar”.

Neste início do mês dedicado às vocações, nos alegramos com o Dia do Ministro Ordenado: diáconos, padres e bispos. Agradeçamos ao Pai pela vida destes homens que se dispõem a viver na radicalidade os valores do Reino. Peçamos ao Senhor que os sustente na missão de servir, amar e pastorear o rebanho de Jesus Cristo.

A vocação sacerdotal é uma chamado do Mestre, a consagrar todas as suas capacidades ao Reino e também deixar-se enviar, para ser sua testemunha do amor, da verdade, da alegria, que é Jesus, caminho, verdade e vida.

Neste sentido, nosso Fundador, Pe. José Kentenich nos introduz em sua profundidade e visão do sacerdócio, quando em sua vida levou radicalmente a sério a verdade bíblica do único mediador entre Deus e os homens e de que todo sacerdócio consiste na participação do único sacerdócio de Cristo. Ele disse em abril 1944 :

Participação fecunda do sacerdócio de Cristo

“Consequentemente, todo sacerdócio na Igreja é participação do seu sacerdócio. É ele que passa pelo tempo atual, o toca e nele atua, misteriosamente unido aos sacerdotes humanos que inseriu no seu sacerdócio. Eles são os seus órgãos, através dos quais ensina, conduz e santifica o mundo.

Não o faz plenamente através dos batizados em geral; mas o faz de modo perfeito através do sacerdócio ministerial, por meio do qual quer perenizar e exercer, até o final dos tempos, o seu ministério de Mestre, Sacerdote e Pastor. Após a ascensão ao céu não abandonou ao seu próprio destino o mundo pelo qual morrera. Também não se contenta em agir em nosso favor no céu, “como Cordeiro Imolado”.

Através dos seus sacerdotes e transparentes, percorre continuamente o mundo para o conduzir ao Pai. O caráter indelével separa do “mundo”[1] e entrega a Cristo o seu portador. Implica a misteriosa pertença do sacerdote a Cristo, transformando o seu portador em “escravo” de Cristo e, em Cristo e com Cristo, em “escravo” das almas imortais.

O apóstolo Paulo sente-se “escravo” de Cristo, devedor de Cristo. Sabe que é responsável por todos: judeus, gregos e pagãos. Quer tomar-se “tudo para todos” para conduzir todos a Cristo. Cristo deve tomar forma em todos, para que todos alcancem “a medida da estatura da plenitude de Cristo”[2]. Ele tornou-se apóstolo por excelência, como imagem do Bom Pastor que conhece os seus, que dá a vida pelos seus e não esquece as ovelhas que ainda não são do seu redil.

O apóstolo das gentes é um exemplo arrebatador para quem quer transfigurar e revigorar a fecundidade do seu apostolado, tanto no sacerdócio ministerial como no sacerdócio comum. É tal a misteriosa união ontológica e o entrelaçamento entre Cristo, Eterno e Sumo sacerdote, e os seus órgãos, que uma parte não pode realizar sua tarefa sem a outra. Não obstante a sua onipotência, Cristo não quer santificar o mundo sem a livre cooperação de seus sacerdotes. E o sacerdote, como seu órgão, é apenas instrumento e nada pode realizar sem ele na ordem da salvação.

Jesus nos conscientiza desta realidade através da parábola da videira. “Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanece na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira e vós os ramos. Aquele que permanece em mim e eu nele produz muito fruto; porque, sem mim, nada podeis fazer. Se alguém não permanece em mim é lançado fora, como o ramo, e seca; tais ramos são recolhidos, lançados ao fogo e se queimem. Se permanecerdes em mim e minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes e vós o tereis.”[3]

Por: Irmã Gislaine Lourenço
Assessora do Santuário Morada da Alegria Vitoriosa

(Texto retirado do livro Chamado por Deus, consagrado a Deus e enviado por Deus, p.43 a 48)

[1]  O Padre Kentenich refere-se aqui ao mundo no sentido bíblico da realidade dominada pelo pecado e necessitada de redenção.

[2]  Cf. Ef 4,13

[3]  Jo 15.4-8

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