110 anos de ordenação sacerdotal do Pe. José Kentenich

110 anos de ordenação sacerdotal do Pe. José Kentenich

“Ousaria dizer que a ordenação sacerdotal é como uma aliança de amor com Cristo; e que a celebração da missa é a vivência mais profunda dessa aliança”

Pe. Júlio Fabiano Rodrigues Afonso – No dia 10 de julho de 1910, o neossacerdote Pe. José Kentenich celebrou sua primeira missa em Limburgo, Alemanha, na Capela da Missão. E que tremenda missão ele recebeu! Ser o fundador de um Movimento de renovação espiritual para a Igreja. O que estaria passando em sua mente e em seu coração nesse dia? Sabemos que para todo sacerdote a primeira missa é um momento muito especial, mas como foi para o Pe. Kentenich?

No santinho que distribuiu na sua primeira missa, escolheu uma frase que revela o que ele pedia: “Conceda, oh meu Deus, que todos os espíritos se unam na verdade e todos os corações no amor”. Em 2019, depois de 50 anos de sua partida à casa do Pai, sabemos que ele foi um homem com um grande senso da “verdade” e movido por um grande “amor”. A fidelidade à verdade o fez não abdicar da mensagem de Schoenstatt mesmo nos momentos mais difíceis, como quando esteve no campo de concentração e no exílio em Milwaukee/EUA.

Verdade e amor aplicados à vida

Somente com a força de um grande amor a Jesus, à Maria e à Igreja pôde ser fiel à verdade que escutava de Deus. E isso já estava presente na frase de sua primeira missa, como se fosse um programa de vida: pedia a Deus que a verdade e o amor fossem suas forças condutoras.

Isso também nos fala da missão que deixou a Schoenstatt em 31 de maio 1949: a do pensar, amar e viver orgânicos. Certamente ele não poderia imaginar isso em 1910, mas o que ele pediu em sua primeira missa e estampou para que todos soubessem foi a graça para que ele e as pessoas pudessem viver unidos na verdade e no amor. E no Brasil, em 1949, ele percebeu que para cumprir essa missão era preciso viver a “filialidade heroica”, por isso coroou Maria como a Rainha da Filialidade Heroica, fazendo assim seu pedido à Mãe de Deus e, ao mesmo tempo, convidando a todos nós para vivermos nesse espírito: filhos que, com heroísmo, pensam, amam e vivem de forma harmônica.

Sua verdade e seu amor ele os encontrou em Jesus e em Maria. Por isso lemos na parte inferior desse mesmo santinho da primeira missa: “Coração de Jesus eu confio em vós. Doce coração de Maria seja minha proteção”. Confiança e proteção, verdade e amor, estavam sempre unidas, assim como descobriu que a missão de Maria estava sempre unida a de seu filho Jesus. No dia 10 de julho de 1910 seu coração devia estar bem unido ao coração de Jesus e ao de Maria.

Primeira à última missa

Para todo sacerdote, a primeira missa é muito especial. Além da ansiedade e dos nervos, da alegria pela presença dos familiares e amigos, o mais forte e significativo é a consagração do pão e vinho em corpo e sangue de Cristo. Ousaria dizer que a ordenação sacerdotal é como uma aliança de amor com Cristo, e que a celebração da missa é a vivência mais profunda dessa aliança. Padre Kentenich, um homem de aliança, não diminuiu a força dessa experiência, senão que a renovava todos os dias e a aprofundou durantes os anos.

Ele realmente “rezava” a missa diariamente com consciência, como testemunhou: “Devo aproveitar a santa missa para rezar realmente, para ter um intercâmbio vital com Deus, para elevar meu coração, com tudo o que levo em meu interior” [1]. Em sua primeira missa, essa deve ter sido uma oração muito forte e especial!

No dia 15 de setembro de 1968, Pe. Kentenich faleceu logo após celebrar sua última missa. Tanto na primeira como na última missa celebrou o dom de sua vocação e missão para a Igreja. Acredito que a frase proferida muitas vezes por ele, como um pequeno lema, foi a que ele viveu: “A missa do dia deve chegar a ser a missa da vida” [1]. Com isso, ele nos quis dizer que “o que nos interessa é que toda a nossa vida diária se transforme, em última instância, em uma prolongação da eucaristia” . A sua última missa deve ter sido, assim como a primeira: a missa de toda uma vida. Ao partir para a casa do Pai, as palavras que tanto rezou agora adquiriam um significado pessoal: “Este é meu corpo entregue por vós”.

Na última linha do seu santinho de ordenação, ele escreveu o pedido: “Por favor uma Ave Maria”. Vamos rezar uma Ave Maria também nós, para que a mensagem que Deus nos deu por meios dele chegue às nossas mentes e aos nossos corações. Ave Maria, cheia de graça…

Santinho da Primeira Missa do Pai e Fundador (frente e verso)

Tradução:

Conceda, oh meu Deus, que todos
os espíritos se unam na verdade e todos
os corações no amor

Lembrança
da minha
Primeira Missa
celebrada na
Capela da Casa das Missões
em
Limburgo do Lahn
(10/07/1910)
P. José Kentenich, PSM
Palotino

Coração de Jesus eu confio em vós
Doce coração de Maria seja minha proteção!

Por favor uma Ave Maria.

Referências:

[1] PE. JOSÉ KENTENICH, Cómo hablar con Dios? 4. ed. Santiago do Chile: Nueva Patris, 2007. (homilia pronunciada no dia l° de setembro de 1963).

[1] PE. JOSÉ KENTENICH, Vivir la misa todo el día. 2. ed. Santiago do Chile: Patris, 2005. p. 119 (homilia pronunciada no dia 1 de janeiro de 1965).

Fonte: www.schoenstatt.org.br

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