A vigília na quinta-feira santa, após a missa de lava-pés no remete a contemplação e a nossa aproximação com Cristo Eucarístico. Estar próximo a eucaristia em adoração conforta os corações, permite-nos que reconheçamos aos olhos da fé a presença de Jesus e a memorar o ato que o próprio Jesus nos encomendou: “Fazei isto em memória de mim (Lc 22, 19)”. Como é bom aproximar de Jesus e entregar dores e celebrar alegrias com Cristo.
Nosso mundo vive um momento turbulento e desesperado. Não se vê esperança por onde se passa. Somente vem a nós notícias de contaminados, internações, intubações e morte. Uma sombra espessa e turva permeia a sociedade e o distanciamento é imposto por líderes políticos e autoridades. A liberdade é cerceada e acabamos sendo tolhidos de estamos com a família e amigos por conta do avanço da COVID-19.
E a Santa Igreja tem sido atacada por essa cortina de fumaça do coronavírus sendo proibida de, principalmente neste momento, celebrar a Páscoa de Cristo. Igrejas e santuários fechados por várias cidades brasileiras e, aqueles padres que corajosamente acolhem o mínimo de fiéis sedentos da santa eucaristia são denunciados e perseguidos. Enfim, nós católicos somos diretamente proibidos de praticarmos a nossa fé, inconstitucionalmente (art. 5º, parágrafo VI da Constituição Federal).
Há mais de um ano o mundo enfrenta a pandemia a qual vivemos: Instaurada em praticamente todos os países do mundo, a dúvida pelo combate correto e a onda de mortes causadas tem alterada a rotina da população e levando, principalmente, os profissionais da saúde a situações de fadiga, stress psicológico e, nos casos mais críticos, a depressão e a síndrome de Burnout.
Contudo, na semana maior, a qual vivemos neste momento (de 28/03 a 04/04) nos convida a reflexão: Em que eu acredito neste momento? Em quem eu confio para passar por este momento? Em que deposito as minhas esperanças? Há quem aposte em políticos, outros que levam em consideração a mídia e até a ciência que antes era símbolo de confiança acaba caindo em descrédito devido a aplicação dos conceitos de forma unilateral e carregada de interesses.
O nosso querido Papa Francisco, em um ato inusitado fez no ano de 2020 uma páscoa que nunca havia imaginado passar: A praça de São Pedro vazia, Capela Santa Marta ecoava com um mínimo de pessoas. Imagine que, um papa de origem sulamericana, habituado a estar entre tantas pessoas e o contato ao qual é de costume, encontrava-se só ou rodeado de pouquíssimas almas. Em sua homilia na vigília pascal, Papa Francisco expressa de uma forma atual: “Este ano, porém, damo-nos conta, mais do que nunca, do sábado santo, o dia do grande silêncio; podemos rever-nos nos sentimentos que tinham as mulheres naquele dia. Como nós, tinham nos olhos o drama do sofrimento, duma tragédia inesperada, que se verificou demasiado rapidamente. Viram a morte e tinham a morte no coração. À amargura, juntou-se o medo: acabariam, também elas, como o Mestre? E depois os receios pelo futuro, carecido todo ele de ser reconstruído. A memória ferida, a esperança sufocada. Para elas, era a hora mais escura, como o é hoje para nós”.
Mas sua postura como pastor e suas palavras como o representante de Pedro nos motiva neste momento: “(…) conquistamos um direito fundamental, que não nos será tirado: o direito à esperança. É uma esperança nova, viva, que vem de Deus. Não é mero otimismo, (…) nem um encorajamento de circunstância, com o aflorar dum sorriso. Não. É um dom do Céu, que não podíamos obter por nós mesmos (…). Mas, à medida que os dias passam e os medos crescem, até a esperança mais audaz pode desvanecer. A esperança de Jesus é diferente. Coloca no coração a certeza de que Deus sabe transformar tudo em bem, pois até do túmulo faz sair a vida”.
E ainda complementa com bravura: “Mas Jesus (…) ressuscitou para nós, para trazer vida onde havia morte, para começar uma história nova no ponto onde fora colocada uma pedra em cima. (…) pode remover as rochas que fecham o coração. Por isso, não cedamos à resignação, não coloquemos uma pedra sobre a esperança. Podemos e devemos esperar, porque Deus é fiel. Não nos deixou sozinhos, visitou-nos: veio a cada uma das nossas situações, no sofrimento, na angústia, na morte. A sua luz iluminou a obscuridade do sepulcro: hoje quer alcançar os cantos mais escuros da vida. (…) Com Deus, nada está perdido”. E ainda: “É Ele (…) que nos levanta (…). Se te sentes fraco e frágil no caminho, se cais, não tenhas medo; Deus estende-te a mão dizendo: «Coragem!» (…). Não a podes dar a ti mesmo, mas podes recebê-la, como um presente. Basta abrir o coração na oração, basta levantar um pouco aquela pedra colocada à boca do coração, para deixar entrar a luz de Jesus. Basta convidá-Lo: «Vinde, Jesus, aos meus medos e dizei também a mim: “coragem!” Convosco, Senhor, seremos provados; mas não turvados.
E nós? Onde colocamos nossas esperanças? De que forma combatemos a pandemia e todo o mal que ela causa em nossas vidas e na sociedade? Coragem!
Por Fernando Castilho Valderrama
Liga de Famílias – Santuário Morada da Alegria Vitoriosa
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