Triunfo da gratidão e da fidelidade

Triunfo da gratidão e da fidelidade

Caíram as algemas! Da terra sagrada de Schoenstatt elevem-se todas as vozes e ressoe um jubiloso hino de gratidão.

Recordar cada ano o dia 20 de maio de 1945, é elevar ao céu a nossa gratidão por todas as dádivas recebidas de Deus Pai, em nossa história de Schoenstatt.

É celebrar uma festa como família Internacional de Schoenstatt, a data na qual se recorda a chegada do Pe. José Kentenich a Schoenstatt, ao Santuário Original, depois de três anos e meio preso no campo de concentração de Dachau, na Alemanha. O triunfo da fidelidade e vitoriosidade a Aliança de Amor selada com nossa Mãe, Rainha e Vencedora.

Recordar é manter viva a chama da gratidão…

Na Semana Santa de 1945, de repente, toda a situação do Campo de Concentração mudou. Dizia-se que os sacerdotes alemães seriam postos em liberdade. De fato, alguns foram demitidos do Campo, enquanto outros aguardavam, na incerteza, entre a liberdade ou um “transporte de morte”.

Pe. Kentenich nos relata o momento de sua libertação: “Dia 5 pela manhã tive o reconhecimento claro de que no dia seguinte eu seria livre. Na manhã seguinte, dia 6 de abril, fui ao campo da chamada com o pensamento de que ficaria livre. De repente… Chamada! Estou livre… Exteriormente livre, porque livre eu sempre fui. Pensei: agora podes ir para onde e como quiseres! Deixei o Campo. Sexta para sábado, 7 de abril, a Juventude de Schoenstatt veio encontrar-me. Comecei logo a fazer conferências. Como são maravilhosos os planos de Deus!”

Na viagem de regresso de Dachau a Schoenstatt, que levou 14 dias, onde o Pe. Kentenich se detinha, geralmente nas Casas Paroquiais, era logo assediado por membros da Família de Schoenstatt. Todos queriam ouvi-lo e alegrar-se com ele, bendizendo ao Senhor pela proteção maravilhosa durante o tempo da prisão.

As estradas de rodagem e as ferrovias estavam em grande parte destruídas, isto porém não impedia as viagens. Vinham a pé ou de bicicleta. Até mesmo o Pe. Kentenich comprou um coche com dois cavalos e assim pretendia chegar em Schoenstatt. Porém para a alegria de muitos, a planejada viagem com os cavalinhos não foi necessária. Pe. Menningen conseguiu arranjar um carro, gasolina e o visto das autoridades policiais para ir buscá-lo.

Depois de muitas peripécias, raiou afinal o dia 20 de maio de 1945. Era domingo de Pentecostes. O brilho do sol, o céu azul e a vegetação anunciavam por toda a parte a Primavera.

Apesar das belezas naturais, durante a viagem, ao longo das estradas só havia ruínas, cidades inteiras destruídas. Por toda a parte havia desolação total.

Chegando, porém, ao vale de Schoenstatt, na terra sagrada da Mãe de Deus, Pe. Kentenich contempla as belezas de um paraíso. Parece até que a natureza primaveril está mais feliz, sorrindo de alegria. Tudo estava intato. Nenhum vestígio dos horrores da guerra.

Mas se toda a Alemanha era um montão de ruínas, como foi possível que Schoenstatt ficasse preservado? A realidade estava ali, não havia dúvidas, porém inexplicável. A não ser a prova visível da proteção da Mãe de Deus. Ela protegeu a sua terra, o Tabor de suas magnificências. Milhares de bombas caíram sobre a Alemanha. Em Schoenstatt não caiu nenhuma. Por quê? Schoenstatt, como lugar, está no coração da Alemanha, mas também está de modo especial no Coração da Mãe de Deus. E isto a história nos provou de maneira tão visível pela guerra.

A Aliança de Amor venceu as duras provas e com ela o Santuário, a fonte de vida e de graças para os membros da Obra de Schoenstatt.

Com a volta do Pe. Kentenich, a Obra, que havia se ocultado nas catacumbas, surgiu vigorosa à luz do dia. Os trabalhos foram reiniciados com mais ardor e convicção. Havia um mundo material e espiritual para reconstruir.

O Fundador abraça ardorosamente a tarefa de ajudar a reconstruir o edifício espiritual de um povo abatido pelos horrores da guerra e os longos anos do império do Nacional Socialismo. Embora ele já estivesse nos 60 anos de idade, não pensou em descanso, em férias, para refazer-se dos anos passados na prisão. Ele tinha muito para fazer. Tratava-se agora de introduzir na Obra as ricas experiências acumuladas em Dachau. (Novena livre em algemas, p. 46 a 48)

Pe. Kentenich nos deixa a sua mensagem

 “Desde o dia 20 de maio canta e ressoa em nossa alma um afeto que nunca mais quer calar: é o afeto de gratidão… Não fazemos parte dos nove leprosos que receberam a graça e esqueceram de agradecer… Desde que estou aqui celebrei todos os dias a Missa de ação de graças, em parte em gratidão por tudo o que foi dado aos indivíduos, e em parte pelo que a Família recebeu em dádivas e graças nos últimos anos”. (09.06.1945)

“Sempre estamos conscientes de que devemos ser gratos ao bom Deus. Para sermos agradecidos, temos de aprender primeiro a examinar o que Deus operou de modo singular na Família… O que devemos agradecer? Parece-me que se quiséssemos reunir todos os benefícios que como Família total recebemos… teríamos uma corrente sem fim de dádivas de amor do eterno Deus Pai. Dádivas que são uma solicitação de amor e esperam de nós uma resposta de amor”. (1966) (Novena livre em algemas, p. 48 a 49)

Após estas palavras do Pe. José Kentenich, podemos refletir:

Na história de minha vida Deus também me conduz com sabedoria e segurança, mesmo quando antes de alcançar a vitória tenha que passar pelo escuro da dor e aflição. Ele sempre me envolve com sua presença, com suas graças e força. Até que ponto sei descobrir e agradecer a proteção e providência divina a conduzir minha vida?

Um dia de gratidão é o que nos ensina o dia 20 de maio de 1945 da nossa história de Schoenstatt, convido a cada um fazer a experiência de anotar, hoje, as provas de amor que Deus Pai me concede e manifestar a minha gratidão, rezando o “Magnificat”.

Hino de gratidão (Rumo ao Céu – 612 a 618)

Caíram as algemas! Da terra sagrada de Schoenstatt elevem-se todas as vozes e ressoe um jubiloso hino de gratidão.

Em dura peregrinação, Deus manifestou-se grande e sábio à nossa comunidade, para seu louvor e glória.

O olhar do Pai transformou em nossa suprema felicidade a desgraça que o poder e a astúcia de Satanás haviam tramado.

O que era terreno no pensar e humano demais na doação Deus quis orientar para o alto e submergi-lo totalmente em si.

Assim hoje estamos estreitamente unidos, fundidos no amor de Deus e lutamos incansáveis contra a descendência de Satanás, para que surja, homens novos, livres e fortes aqui na terra que, nas alegrias e dificuldades, procedam como Cristo e somente a ele enlacem as aspirações de seu coração, assim como outrora em sua vida, o fez a Mãe e Esposa.

Podes enviar até os confins do mundo os que hoje por ti se empenham, para completar teu Reino aqui na terra. Maria, recebe esta oferenda em tuas mãos fiéis de mãe, para que até o fim da vida não cesse este hino de gratidão. AMÉM.

Por Ir.M.Gislaine Lourenço