Lembra-te, ó homem, que és pó e em pó te hás de tornar

Lembra-te, ó homem, que és pó e em pó te hás de tornar

O Tempo da Quaresma nos convida a olharmos para Cristo e a estarmos atentos à condução divina em nossa vida e às pequenas coisas da vida cotidiana. Assim também ensina nosso Fundador, Pe. José Kentenich:

“A Igreja, nossa Mãe, (na quarta-feira de cinzas introduziu-nos no tempo quaresmal). Impondo-nos a cinza na fronte, expressou o pen­samento fundamental que nos acompanhará até a alvorada radiosa da Páscoa.

Ressoa ainda nos nossos ouvidos a advertência do sacerdote, ao tocar a nossa testa com a cinza: “Memento, homo, quia pulvis es et in pulverem reverteris. — Lembra-te, ó homem, que és pó e em pó te hás de tornar”. É expressão antiga e conhecida. Vale para todos os tempos, regiões e para todos os homens. Particular valor tem para nós que, durante o ano, preocupamo-nos em aumentar as nossas riquezas e não nos cansamos de atender ao nosso corpo, ao seu bem-estar, à sua saúde e beleza. […] Este corpo, a quem tanto cultuamos, um dia tornar-se-á pó, voltará a ser matéria da qual foi formado. “Lembra-te, ó homem, que és pó e em pó te hás de tornar”.

É uma palavra séria a ecoar em nossa alma. Por isso nas próximas semanas não queremos dar demasiada atenção ao nosso corpo e aos nossos negócios, como no-lo ensina a santa mãe Igreja; mas dirigir o nosso olhar ao alto. Sursum corda! Corações ao alto! Inicia o tempo cheio de graças e que requer de nós maior diligência para com o que é eterno e divino, bem como para com a nossa alma. Sursum corda! Corações ao alto! Dirijamos nosso olhar ao alto! Neste tempo da quaresma fixemos com especial amor, nosso coração e nossos olhares no grande drama do Gólgota. Ao badalar os sinos, ressoe no ouvido e no coração a exclamação do Senhor: “Quando eu for levantado da terra, atrairei todos os homens a mim” (Jo 12,32). Assim se me explica o vosso comparecimento numeroso neste lugar sagrado. O Gólgota e, com ele, Cristo crucificado, se antepõem aos nossos olhos numa forma dominante, assim como o contemplamos na pintura do coro desta Igreja de Santa Cruz. Repetidas vezes a admiramos, sem, contudo, refletir sobre ela. Assim também acontece frequentemente em nossa vida: as coisas com que diariamente estamos em contato não nos impressionam. Nestas próximas semanas, porém, esta imagem cativará a nossa alma. Levá-la-emos conosco para a vida de cada dia, a fim de que tome for­ma, figura a vida.

Jesus, suspenso na cruz, anseia atrair a si o nosso coração, tornando realidade a sua afirmação: “Quando eu for levantado da terra, atrairei todos os homens a mim”. Ele tem em mira o meu coração. E o coração que durante o ano esteve tomado de cuidados pelas coisas terrenas. É o mesmo coração que fora alvo das pretensões de muitos homens, do mundo e do demônio, caindo, infelizmente, vítima deles. Este, porém, que está pregado na cruz, chama a atenção para si, com maior insistência do que em outros tempos. Faz valer o seu direito sobre o nosso coração ambicionado. Quer atraí-lo a si; deve pertencer a Ele, com todas as fibras. Todas as suas pulsações serão para Aquele que tem direito sobre o nosso coração. Este é o sentido que devemos dar à expressão: “Quando eu for levantado da terra, atrairei todos os homens a mim”. Este é também o motivo pelo qual nos reunimos neste local santo, ao chamado dos sinos, para ouvir o sermão quaresmal. Cristo pendente da cruz atrai-nos com força irresistível. Faz-nos esquecer os afazeres diários, convidando-nos a vir à igreja, a ouvir a sua palavra, a responder ao seu convite de amor. (Maria, Mãe e Educadora – Uma Mariologia aplicada, 2ª edição, 1981, p. 17).

Por: Irmã Gislaine Lourenço

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