Uma segunda característica da alma de Jesus era a liberdade interior unida a uma grande serenidade em relação a qualquer tipo de contato humano, seja ele agradável ou desagradável.
Observem como isso se dá em nossa vida. O que muitas vezes torna a nossa alma tão inquieta? Pode ser o sucesso ou o insucesso. São as tensões: alegria que chega até o céu – tristeza até a morte!
Devem refletir como Jesus reagiu quando era bem sucedido. Sim, por um tempo as multidões ficaram eletrizadas, mas não por muito tempo. Então, ao “Hosana” seguiu-se o “Crucifige”! Ele era sempre muito controlado e sereno em relação ao sucesso porque estava tão profundamente abrigado em Deus. Deus era sempre o valor de primeira grandeza. Em sua vida tudo era avaliado a partir de Deus, também o sucesso ou o insucesso. Sim, pois Jesus sabia o que havia no homem. Quanta falta de fidelidade Ele teve que experimentar. Mas, nem por isso se tornou um misantropo. Hoje nós experimentamos isso de modo muito acentuado. Quantas pessoas hoje tornam-se misantropos, preferem estar com animais porque há tanta infidelidade entre os homens. Na Sagrada Escritura lemos: “O Senhor sabia o que havia no homem” (Jo 2,25) e, apesar disso, veio até nós com bondade. Apesar de saber que em breve gritariam Crucifige, embora hoje gritassem Hosana, sempre conservou uma benevolência interior. Foi sempre o mesmo: na maior proximidade Jesus manteve sempre certa distância em relação a todas as criaturas porque estava abrigado em Deus. Reparem nessa soberana serenidade em relação ao sucesso e ao insucesso!
Quanto insucesso ele experimentou. Contemplem no fim de sua vida! Nesse momento toda a obra de sua vida jazia a seus pés, em pedaços. Talvez não haja outra pessoa que tenha tido tanto insucesso como Jesus. Nem mesmo seus apóstolos o entenderam totalmente; nem mesmo este círculo mais íntimo era totalmente digno de confiança. Tudo vacila e oscila. Apesar disso, em sua vida reina uma tranquilidade soberana. Sua alma está inteiramente vinculada a Deus Pai e daí jorra, de um lado, a perfeita liberdade em relação às criaturas e, de outro, a tranquilidade em relação a tudo.
Pensem como Ele se dá, quer se trate de amigos, quer se trate de inimigos. É claro: quem se apresenta em público tem que contar com uma porção de amigos e de inimigos. Assim se deu também com Jesus. O que não disseram dele! Veio João, não comia nem bebia, – e o que fizeram com ele? Eu vim, como e bebo e o que eles fizeram? (cf. Mt 11,18). Espancaram-no, principalmente os chefes do povo. Devia ser assim? Devem contemplar a vida de Jesus como modelo para nossa vida. Tranquilidade soberana. E por que essa tranquilidade soberana? Porque está profundamente abrigado no coração de Deus Pai. (Pe. José Kentenich, em: Retiro para as Irmãs de Maria de Schoenstatt 25 a 27 de agosto de 1950 – Livro Cristo minha Vida, p. 22 a 23)
Propósito do dia: Neste dia quero oferecer meu sofrimento a Jesus, como gratidão por tudo o que ele sofreu por nós.